quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Texto sem nome (#1) - 29 de agosto de 2013



Todo homem possui um imenso vazio. Condição nata, nos acompanha do primeiro ao último suspiro.  Todo vazio é imenso, todo vazio possui um homem... e jamais será preenchido.

Cientes de nossa condição, tentamos abarrotar e rotular nossas lacunas, e nisso, o homem tenta fazer-se de sexo, amor e (ou) derivados. De bebida, cigarro ou qualquer outro vício. De trabalho, de ócio, de religião, de descrença... a gente tenta preencher a nossa falta, mas sempre falta algo.  A gente tenta rotular o “oco nosso de cada dia”, com a ausência do ente querido, do sucesso profissional, do carro do ano, do cargo da vez, do telefone celular mais moderno... a gente envolve o mundo com as mãos, e o leva para dentro do nosso vazio, dando-lhe formas, cores, cheiros, contornos e histórias. Nele tudo cabe, pois esse é interminável. Mas nem mesmo nossa astuta manobra é capaz de explicá-lo, domá-lo, ou mesmo de atenuá-lo. Então, ouvimos uma canção do Jeff Buckley, a fim de nos encontrarmos... ou nos perdermos.

Dias como este, em que estou na iminência de tornar-me (oficialmente) um ano mais velho, trazem à tona esta ausência.  A ausência que é atraída de forma quase magnética pelas fúteis congratulações de quem é completamente indiferente a mim, ou de quem se importa, mas não sabe a razão de prestar tal homenagem. E por quê prestá-la? Não há mérito em envelhecer, esta é a nossa função. É apenas viver , e só.  É somente um dia comum. Mais um dia de ignorância, indiferença, notificações que não me dizem respeito e, mais do que isso, pessoas que não me dizem respeito. Mais um dia de uma solidão que só se relativiza a meu desfavor.

No início do mês, (por estima), parabenizei um conhecido pelo seu aniversário. Ele estava doente e penava, na busca de atendimento médico. Em poucos minutos de conversa, minha alegria arrefeceu, voltei à realidade e dei-me conta (por mais uma vez) de que a felicidade é um luxo ilusório e que a alegria é para poucos... sempre contrastando com a tristeza, fazendo de nós uma marionete da vida, cujas ações e emoções serão decididas no rolar dos dados. Não é necessário muito tempo para que a dicotomia torne-se clara: regozijo e pesar estão lado a lado.

Antes que eu me despedisse, a última lição daquela noite. O som de tiros me fez lembrar de que a vida está sempre por um fio. Naquele instante, o vazio de alguém se desfazia. Se desfazia também sua existência. Todo vazio se vai, quando vamos com ele.

Dias depois, numa madrugada, novamente o som de tiros me alertava: a morte está por aí, solta, a um palmo de nossos narizes, ainda que mantenhamos os olhos fechados. Ela caminha entre nós, nas ruas, vigiando e arrebatando nossos vazios, que de tão vastos, quando levados, já não deixam coisa alguma.

Me pego escrevendo este texto. O mais do mesmo requentado e cada vez mais insípido. A incontornável presença de minha amargura peculiar e quase ancestral. Papagaios velhos não aprendem truques novos. Talvez eu seja apenas um papagaio velho, resmungão e confuso. Não consigo praticar um truque diferente, por isso, exponho aqui o meu vazio... polido, regado, bem alimentado, exibido numa vitrine, à espera de alguém que o queira comprar.

Quanto a amanhã, darei-me por satisfeito se puder comer uma fatia de bolo, dormir e tiver a sorte (ou a falta dela) de acordar no dia seguinte. O resto é alegoria.


PS: Para poupar-lhes de minha rabugice e minha escrita quase que monotemática, cogito seriamente afastar-me do blog por algum tempo. Se isso de fato ocorrer, volto em breve, volto qualquer dia (ou não volto).



quarta-feira, 21 de agosto de 2013

21 de agosto de 2013 - Meio saudosista, meio mussarela



Há alguns meses fui convidado para uma confraternização que envolveria os meus colegas de ensino médio. Uma reverência ao saudosismo de tempos que já não recordamos com precisão.
Fico admirado com a aura de perfeição que aqueles tempos adquiriram, já que se eu me esforçar um pouco, lembrarei que sofri como um cão, no biênio 2008-2009. Entretanto, foram tantos contos sobre este tempo e tantos pontos aumentados, que minha mente, antes desvairada, deu novas, mais belas e vívidas cores a este período.

Tudo bem, deixemos que essa seja a minha época de ouro. Deixemos que esses sejam os dias que eu me orgulharei em narrar para os netos alheios, ainda que já não possa haver precisão na narrativa, que os fatos já tenham sido mesclados à fantasia e que possam ter perdido os seus reais contornos. Deixemos que essa seja a minha “estória”, pois nenhum tempo áureo está alheio às projeções que lançamos sobre eles.
Essa foi a era em que experimentei a mais avassaladora das paixões e dela, extrai o amargo, que por muito tempo permaneceu em meu paladar. Foi a era dos “babinhas” na quadra de concreto. Da surpreendente convocação para o nosso combalido time de basquete e das nossas vitórias por “W.O.” Foram os tempos do meu cover de Elvis e do meu consequente envolvimento com a música. Dias de aulas gazeadas, de pensamentos distantes.

Eu pertencia a um grupo. Neste grupo não havia um só indivíduo bonito, brilhante, hábil... Nenhum de nós se destacava. Éramos sínteses do indivíduo comum. Rapazes sem muitas qualidades, jogados aos vorazes leões da sociedade, na jaula do ensino médio. Mas resistimos. Juntos, como se formássemos um pelotão, avançamos, e sem perder sequer um soldado, cruzamos a linha e fomos viver nossas vidas. Mantivemos-nos de pé, porque na bolha que criamos nossas deficiências não falavam tão alto. Éramos suficientes.
Cada um dos alunos daquela classe era singular. Em personalidade, em características físicas, em funções sociais... Todos eram absolutamente únicos.

E então, surge essa ideia de que nos confraternizemos. Surge essa ideia de me por frente à minha paixão adolescente, para descobrir que ela engordou uns 20 quilos. De me reapresentar ao sonhador, para constatar que ele largou o violão e tenta mostrar-se satisfeito ao ser explorado cruelmente por uma companhia qualquer, em troca de um ordenado miserável. De abrir meus olhos para a realidade e enxergar os rascunhos toscos que nos tornamos.


Eu agradeço, mas rejeito.  Não permitirei a profanação do passado... Do meu passado. Todos nós seguimos diferentes caminhos e estamos tão distantes uns dos outros, quanto estamos do que éramos. Prefiro manter o que resta da visão dos “anos dourados”, sem confrontá-la com a vil realidade. Prefiro que sejamos o que fomos. Ainda que não o tenhamos sido.


sexta-feira, 9 de agosto de 2013

9 de agosto de 2013 - Entre linhas mal traçadas

Escrevo estas “mal traçadas linhas” porque o tempo avança inclemente e já são quase duas semanas completas num absoluto deserto criativo. São quase duas semanas sem postar um texto que me expresse os pensamentos, são quase duas semanas em que talvez eles não tenham existido.

O compromisso da escrita regular tem o seu cumprimento como uma tarefa cada vez mais penosa. Conforme vão se expondo os vícios, os erros, as falhas e faltas, mais complicado torna-se escrever. Eu tentei inovar e já não me repetir, tentar novas abordagens, novos temas, diferenciar-me de tudo o que tenho feito nos últimos tempos. Porém, o que os últimos dias fizeram parecer, é que sem me repetir, já não sou eu. Não sou nada além de um eco que se propaga, sem que se possa precisar de onde partiu o primeiro grito, de onde surgiu o primeiro som.

Escrevo essas “mal traçadas linhas” porque neste período, tive ideias interessantes, mas que nunca chegaram a evoluir. Sementes que não germinaram, porque lhe faltaram iluminação, umidade e, principalmente, um terreno adequado.  Escrevo linhas tão mal concebidas, porque talvez já não seja capaz de cultivar as minhas ideias como gostaria.

Eu poderia falar de forma profunda a respeito da ação do tempo nas relações, nas pessoas, no mundo que nos cerca. Eu poderia falar sobre como cada um dos meus textos e canções é um pedaço da minha alma, que arranco do meu ser e exponho em praça pública sem saber exatamente o que quero em troca, e o que ganho com isso, é quase sempre uma condição privilegiada para assisti-los perderem-se em murais alheios, sublimados por piadas ruins, euforias incontidas e tantas outras banalidades. Poderia falar de “lições de vida” ou de como minha experiência profissional atual poderia render uma “sitcom” ou algo do tipo. Eu poderia, mas não vou. Hoje, não pareço capaz de produzir algo além de linhas mal traçadas, mal pensadas e mal escritas.


Publico este aglomerado de letras unidas por um mote fraco e sem qualquer objetivo concreto, permeadas por diversos erros gramaticais, porque entre obrigação e capacidade, foi o que consegui extrair. Porque talvez seja hora de assumir a condição que mais me coube na vida: a de autor de coisas tortas.




quinta-feira, 25 de julho de 2013

25 de julho de 2013 - A carta de um homem à beira do abismo de si mesmo


Eu precisava estourar meus miolos. Eu precisava de um choque elétrico. Eu precisava de qualquer coisa que me libertasse a consciência. Que me libertasse, também, dela. Eu precisava falar menos, e encaixar-me em algum canto... Fosse uma caixa, uma gaveta ou um cofre.

Eu precisava desaparecer. Era necessário sentir-se integrado e querido, mas não sem antes, aquietar-me e sumir com qualquer vestígio de uma existência anterior. Eu queria mesmo era esfuziar, e se possível, renascer. Mas para isso, era preciso que nem cinzas restassem. Renascer reformulado era plausível. Ressurgir, não.

Eu precisava escapar do peso de todas as decisões. Das que foram tomadas, das que foram delegadas e das que foram simplesmente ignoradas. Precisava escapar das impossibilidades, das limitações. Precisava desvencilhar-me de uma visão impregnada de cinza.

Eu tinha concluído que a vida, daqui por diante, seria a tentativa de estabelecer um equilíbrio fino entre solidão e companhia. Porém em meio a tanto cansaço, a tanta decepção, a tanto desconsolo e a tanto “não é possível”, era cada vez mais difícil manter a vontade. Manter a vontade pra que?  Por quê? Pra quem?
Daqui por diante, derrota e vitória, alegria e tristeza, sorte e azar, seriam apenas coadjuvantes. O protagonismo estaria reservado à amargura, ao desajuste e ao vazio. Os contrastes seriam meros planos de fundo.

E a mim, restaria prosseguir atormentado pelas vozes que há muito me acompanham. Pela sombra do que fui, pela projeção do que serei e, acima de tudo, pelas idealizações de uma renovação impossível e por um final que embora pareça cada vez mais necessário, não encontra a coragem necessária para se fazer.



terça-feira, 16 de julho de 2013

17 de julho de 2013 - Quebra-cabeça




A sensação é de que falta algo. Não faço ideia do que seja, mas sei que dentre todas as faltas, esta se destaca. É a pródiga, é a peça final.

Como a parte única e ausente de um enorme quebra-cabeça, ela deixa uma lacuna impreenchível, que se ocupada, talvez, explique tudo. Ou nada.

Não está contida nos desamores, na incerteza do sim ou do não, no antes, no agora ou no depois, nas decepções com o ser humano, com a vida ou com a morte. Ausente até nas ausências, ela é a falta das faltas, que não falha em se fazer sentida, mas, é bem provável que jamais tenha sido precisada. Eu sei que ela está lá. Ela faz questão de ser notada, porém, nunca se deixa ver.

Todo dia, minha mente realiza uma busca frenética, procurando em todos os recantos imagináveis, a resposta desse íntimo enigma antigo.

Refaz os passos, retorna algumas horas, relembra o dia, revisa as imagens, pesca cada vez mais fundo, em águas cada vez mais rasas.

Pulando de falha em falha, de falta em falta, da lembrança ao esquecimento, vou avançando e regredindo, em intuito e no tempo, espreitando algo que sempre está um passo à frente. Ou atrás.

Correndo em círculos, numa ação com ares cada vez mais paranoicos e estéreis, eu vou. Vou meio cego, meio cheio de mim. Eu vou, sem ir.

Essa é a minha baleia branca. A estrela que devo apanhar, do céu. A caça de uma vida. E alternando entre estratégia e instinto, entre suposições e ataques, permito que a caça me acosse e que assuma, ela, o papel de caçador.

E dia após dia, no ápice de um novo episódio deste conto ordinário, emerge do breu, o sono. E me acorda da realidade, para me por a dormir. 




sábado, 6 de julho de 2013

6 de julho de 2013 - Viver menos














Acabei de completar uma semana em meu novo trabalho. Depois que a minha rotina sofreu esta mudança, eu tenho tido pouco tempo livre e esta é uma situação muito pouco familiar. Sempre estive acostumado a ter muito tempo. Viver pouco e aos poucos.

Não acho que possa reclamar do meu ofício. Trabalho perto de casa, com algo que gosto.  A atividade certamente não tem o prestígio e a ludicidade de tantas outras, mas é real, é tangível, é rentável, não acho que eu possa esperar muito mais.

Mas à noite... à noite, eu tenho que viver. Eu, que estava acostumado a espalhar meus afazeres em pontos esparsos do meu tempo, vejo-me obrigado a condicionar tudo o que tenho de mais importante a pensar(ou não pensar) e(ou) a fazer, em um curto período. É a vida comprimida. É a vida em comprimidos para dormir.

Essa ideia de reunir tudo num curto espaço, é meio assustadora para mim. Quando me dou conta, é tarde, passei muito tempo ponderando, ou simplesmente o deixei passar. É hora de dormir. É hora de repousar, juntamente com todos os desejos antigos e contidos, com todas as neuroses, com todas as insatisfações, com todas as falhas, ausências... com a atenção quase que inteiramente voltada ao novo cargo, com o temor de que logo ele se afaste. Eu e todas as minhas usuais companhias, vamos repousar , para no dia seguinte, após 6 ou 7 horas de sono, acordarmos, preguiçosos e caminharmos emparelhados, numa recém adquirida jornada.

Meus desgostos são altamente fiéis. Não me abandonam nem mesmo durante a labuta.

A solidão é a mesma, as decepções que eu continuo tentando atenuar com indiferença, também. Eu já não tento falar e ninguém demonstra interesse em fazê-lo. Talvez seja melhor desta forma. Solidão não se vive a dois.

Entre as longas horas de obrigação, que se alastram pelos meus dias, sem serem mais inúteis que as longas horas de ócio as quais eu me reservava, vou me dando conta do real motivador desta inquietação que me impede de aproveitar efetivamente as poucas horas livres que tenho.

A vida é veneno para mim. Para todos, se analisarmos bem a situação. Há quem não concorde, mas, é o que penso. E não sinta pena, caro leitor. Não sinta coisa alguma, eu me acostumei com a situação. Mesmo com este corpo e com esta mente fodidos, eu gosto de estar vivo. Talvez eu seja uma espécie de ermitão moderno, trancado no meu quarto, fugindo de meus semelhantes... mas, eles são tão diferentes, tão superiores... que diabos eu faria no meio deles?

Não é uma forma convencional de viver, mas é a minha maneira.  É a forma que encontrei para não pirar. Para alguns, sobreviver, é a saída. Mais do que isso, é martírio, é auto-flagelo.

Ciente do veneno que me é administrado em doses diárias, contido em cada segundo experimentado, percebi ter duas opções: partir de pronto, ou tomar doses cotidianas do meu algoz. Optei(obviamente) pela segunda. E cada pensamento, cada gesto, cada decisão, é um pouco de veneno que eu ingiro.

Talvez por isso, eu estivesse acostumado a fazer tão pouco. Administrava-me doses minimas e espaçadas, o suficiente para um equilíbrio saudável entre o viver e a inevitável abrasão mental e cronológica.

Mas agora, no novo contexto, com tão pouca disponibilidade, eu faço tudo em pouco tempo. Tudo ao mesmo tempo. Me injeto doses cavalares, em todo período de folga.

Me dei conta do que me assusta. Do que me impede de como os outros, gerenciar meu tempo de forma saudável. Me dei conta da razão de estar ainda mais confuso.

É toda essa vida concentrada, injetada na veia. É viver muito, em pouco tempo. É viver demais esse desgaste, esse desgosto, essa peçonha.

Quem me dera viver menos.


sexta-feira, 28 de junho de 2013

28 de junho de 2013 - Abra os olhos






Eu tentei te avisar. Todos tentaram. Pelo menos é o que eu acho. Mas você não ouviria. Você nunca ouvia, cara! Com sua mente sempre fugindo para refúgios distantes, onde só você podia adentrar, ficava difícil te mostrar, te dizer que havia uma enorme cilada à frente.

Era cilada, porra! Você não acordou. Preferiu levar a vida num misto de narcolepsia e sonambulismo. De jeitos diferentes, por motivos distintos e, cada vez mais.

Uma verdadeira sinuca de bico. Nascimento como uma sentença de morte e um caminho absurdamente sinuoso a percorrer. E você dormia. Enquanto o tempo passava, você ganhava consciência do contexto em que estava, mas acreditava que fazendo a jogada certa, que bailando desacordado em meio às pessoas, você conseguiria vencer. Conseguiria partir sem ter feito muito, sem ter muito a perder. Era uma bela estratégia:  adiar a vida em sono, até o dia em que não mais acordasse.

Era louvável, meu amigo! Mas, olha pra você agora! Quem te vê, enxerga na sua face a representação do fracasso. Sucesso, fracasso, essas coisas são transitórias, são limitadas. Se não fossem tantas as pessoas ao seu redor, talvez, isso sequer  te importasse. E, lembra? Você nunca se deu muito bem com essas pessoas, porém, ainda assim, elas estão pesando na tua balança, e teu fracasso... teu “você”, te doem na carne e na alma.

Você, hoje, tão orgulhoso do “seu” ateísmo, devora insanamente, o pão que o diabo amassou. Desesperado, o plano não deu certo. Se assusta com tanta gente melhor, superior, tanta gente de verdade. Com tantos caminhos a seguir, preferiu não seguir caminho algum. Agora tá velho, e há um exército de gente mais nova, fazendo as coisas que você mais quis, muito melhor do que você jamais conseguirá.

Jogado para fora do teu leito, socado nos dentes e no estômago pela vida. A luz solar cega teus olhos e queima a tua pele. Ela, a vida, te conclama... melhor, te força, a irremediavelmente atrofiado e incapaz, agir, levantar-se do chão e caminhar desperto, até o fim dos seus dias. Já não dá para adiar.

Eu lamento. Quem dera, você tivesse escutado.






sexta-feira, 21 de junho de 2013

21 de junho de 2013 - Meu amigo Charlie Brown



O país está em ebulição. Ou pelo menos parte dele. Muito disso me parece estranho e eu prefiro me manter distante. Se você se mantém distante, é visto como vilão, se você se atira de peito aberto e olhos fechados numa causa,  pode ser vilão também. O tambor gira, a arma vai disparar, a bala vai atravessar, quente, a cabeça de alguém. O melhor que dá pra fazer é ponderar as chances, escolher um lado e torcer por um acerto.

Eu vi tudo acontecer e muito estranhei. Tracei uma linha de pensamento e decidi segui-la. Vi que poderia ser útil divulgá-la. Tentei, fui rechaçado. Então me calei. Fui para o retiro tradicional do herói vencido, do herói poucas vezes vencedor. Hoje, vejo jornalistas conceituados que lançam textos na internet, com visões muito parecidas com a minha. Algumas mais agudas até. Vistas como teorias da conspiração por alguns. Pelo menos ganhei algum respaldo. Sempre digo que quando um autor famoso escreve algo que você já sabia há muito, aquilo parece tornar-se válido. Não deveria ser assim, mas a vida está longe de ser um modelo de perfeição.

Prefiro continuar calado. Prefiro continuar quieto. Quieto mas atento, e aguardando pelo momento ideal para mostrar minhas intenções quanto ao país. Pronto para fazer valer minha vontade nas urnas. Que me desculpem os que enxergam os fatos de outra forma, mas eu sei quando calar e quando falar, e o que me parece, é que muitos quiseram falar, mas poucos sabiam o que dizer. Acabaram falando sem saber, algumas verdades fabricadas.

Todo mundo vai falar dos protestos, da sua “beleza”, da sua “lisura”... eu vou procurar outro tema. Cá, com minhas limitações, procuro espaços abertos, procuro um espaço onde tenha tempo e calma para mostrar o que eu sei(até que alguém me desminta).

Vou falar de mim, do que ainda lembro. De tardes de domingo, sentado no sofá, em frente à televisão, assistindo um programa qualquer. Das reuniões familiares, quase em meio à rua em que morava, onde as famílias se juntavam em torno de mesas, comiam petiscos, bebiam cerveja e ouviam música(em alto volume).

Ah, a música! Ela era o marco máximo destes tempos. Se algo daquela época ficou claro na minha mente, foi a canção que simbolizava quase integralmente aqueles momentos: “Charlie Brown”, de Benito de Paula.
Domingo após domingo, a dada altura da tarde, o hino dessas confraternizações era executado.  A “amizade” que unia meus vizinhos, resumida numa canção... propagava-se pela rua o refrão, “Eh! Meu amigo Charlie! Eh! Meu amigo Charlie Brown!”. E nos domingos, todos eram amigos íntimos. Todos eram amigos do Charlie Brown, e eu, dentro de casa, passando mais um domingo com a minha família, também me permitia pensar ser amigo dele.

E quem era o Charlie?

Vim descobrir,  realmente, algum tempo depois. O Charlie era um cara simpático e incompreendido. Era ovelha negra, não da família, mas do mundo e ainda assim, continuava lá, simples, esperançoso, motivado.

Criei vínculo com aquilo. Era mais que um personagem. Era uma identificação quase absoluta. Como foi com Kevin Arnold, com Gregory House, Sherlock Holmes... eu crescia e me identificava muito mais com personagens do que com colegas, vizinhos, conhecidos... é, isso não soa como algo natural. Era a minha representação nas telinhas, nas páginas de jornal. Ele não existia, mas, quem se importava?

Ainda hoje me espanto com a maturidade existente nas histórias de Snoopy e sua turma. As vezes me pergunto se aquela crueza com que as vezes o mundo é mostrado, deveria estar presente numa animação infantil. Outras vezes, me pergunto o porque de todas as animações infantis não conterem aquele grau de sinceridade.

Charlie mantém lugar marcado na minha memória. As nostálgicas tardes de domingo e a canção que o citava, as diversas vezes em que, frente à vida, senti-me tentado a encará-la e dizer: “Prazer! me chamo Charlie”, a admiração por este cabeçudo de calvície absurdamente precoce... e querem saber de uma coisa? Se por um acaso esta figura estivesse caminhando por aí, lhe chamaria para tomar um refrigerante, conversar... deixar-lhe contar a sua história. Se eu pudesse, seria amigo do Charlie também. 






sábado, 15 de junho de 2013

15 de junho de 2013 - Ninguém é Peter Pan


  Os reflexos já não são os mesmos. A disposição, idem. Os hábitos vão esmaecendo, vão esfuziando e um dia, eles desaparecem.  A gente demora pra notar, mas o tempo passa e, quando se dá conta, cresceu tudo o que tinha pra crescer, tem nas costas a maioridade e tudo o que ela traz. Tem no rosto, barba e olheiras. Na mente, ideias novas e diferentes.

A gente não percebe. Tudo é tão alardeado e ainda assim, nos esquecemos, ou talvez tenhamos preferido não enxergar. No passar dos anos, uma revolução aconteceu e te fez “capaz de ser qualquer pessoa”, exceto o alguém que você era.

De repente, mas, não tão repentinamente assim, o desenho animado já não anima, os amigos são outros(se é que ainda os têm), a música favorita de outrora já não está na memória. São outras bandas, outros costumes, outras palavras, outras pessoas. Um corpo novo e uma nova vida. No fim das contas, o que restou, de fato, foi o nome e algumas das suas associações.

A disposição para acordar é ainda menor, as obrigações, maiores. A memória claudica, o corpo se fragiliza e o tempo, ele corre contra nós. A gente também sabe, mas ignora igualmente: daqui pra frente, não tem como esconder a ação do tempo. Não tem como ser você. Junte os trapos, as coisas aprendidas, as lembranças cada vez mais distantes e siga em frente.

Aprenda a tolerar. O trabalho indesejado, a companhia indesejada, a situação indesejada. Envelhecer, é aprender a tolerar. É resignar-se. Quando você se dá conta do que o tempo te fez... do que ele ainda há de fazer, a resignação é instantânea. Então, torça pra ter uma memória ruim. Em pouco tempo, vai esquecer de paixões, de quereres, de sonhos, desafetos, até as cenas de filmes, irão parecer sequencias de fotografias desbotadas, após algumas semanas.

Envelhecer, é o caminho natural. É aceitar, é relegar.

Quando paro e penso(situação cada vez mais incomum), percebo o quanto mudei. O quão complacente me tornei. O quanto anseio por assimilar o que me falta e me acoplar ao contexto que já se impregnou a mim, há tempos. O quanto anseio, quem diria, por mais e mais apatia.
Eu tô cada vez mais indiferente. Cada vez mais esquecido, cada vez mais sozinho. Nada poderia ser mais adequado. É a maturidade chegando. Nada disso é por acaso, isso é envelhecer. Eu tô ficando velho.

A vida não gosta de fantasias. Ninguém é Peter Pan.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

5 de junho de 2013 - Esperança


Eu nunca serei reconhecido como artista. Não que eu seja brilhante. Sou mediano, quando analisado com alguma boa vontade. Por outro lado, o que mais tem nesse mundo, é gente medíocre. São escritores medíocres, cantores medíocres, pintores medíocres, atores medíocres. O mundo é medíocre. A excelência é rara. É rara e fugaz. É difícil atingir um nível alto e é impossível mantê-lo. A perfeição é desumana.

Gente mediana aclama gente mediana, e quando nos damos conta, fazemos de deuses eternos os mais reles mortais. Nós escolhemos ícones em nosso próprio meio, os colocamos sobre tronos e os carregamos sobre nossos ombros.  Os nossos deuses imperfeitos, de carne, pele, ossos e sangue. Assim funciona a sociedade, não poderia ser diferente.

Eu sou um tipo esforçado. Não em termos gerais. Em termos gerais, sou uma vergonha para a sociedade, mas algo na arte me move. Eu gosto de fazer arte. Posso não ter sido agraciado com o dom do brilhantismo, mas a despeito dos tombos que levei no caminho, continuo sendo alguém que relaciona-se com a arte da forma mais tenaz possível. Ela torna-me alguém esforçado enquanto tento materializá-la.

Não, não serei reconhecido como artista. Nunca fui. Os apupos e a indiferença sempre foram superiores à aclamação. Sempre foram superiores à aclamação num mundo onde homens medíocres podem ter as suas coroas e mantos, podem ter toda a glória cabível a um homem. Homens medíocres como eu. Profissionais medíocres como eu.

Não espero a glória de salões iluminados, repletos de gente, preenchidos com a alta sociedade. Não espero a imortalidade, o clichê de quem parte, mas tem a vida perpetuada na mente de quem lembra de sua obra(como se isso fosse fazê-lo menos morto). Espero o tapinha nas costas, o cafuné e a congratulação pelo ” trabalho bem feito”. Mas, estes não vêm. Eles se foram no último vagão do trem que acabou de partir, e eu cheguei atrasado na estação, como quem corre na contramão do tempo.

A todas as almas errantes que um dia vagaram por este mundo, tentando criar a sua própria obra, sempre houve a opção da morte. A morte é a redenção do homem. Ela nos amedronta e nos faz santificar o nosso mais ferrenho rival, se necessário. Sim, a morte fez muito pelos artistas desprezados. Ela faz muito por todos nós, cobrando um preço muito alto, e não nos permitindo ver a glória obtida, vinda de mentes amedrontadas que temem ser as próximas a partir.

No auge da minha “animação” noturna, compreendo que talvez seja a morte, a única via de ter o meu trabalho reconhecido de alguma forma. De ser reconhecido de alguma forma. Não como um nome internacionalmente lembrado, mas, como alguém que terá os seus textos lidos, agora que eles já não serão produzidos. Alguém que será ouvido, já que não mais irá cantar. Alguém que despertará curiosidade, que ficará na memória de alguns, quando já não puder receber os louros.

Foi com esse pensamento, que tive a noção exata do que é a esperança. É uma espécie de cheque pré-datado, ou nota promissória que a vida te dá, na falta do item desejado. Enquanto outros tem os tais itens, e talvez até mais... enquanto eles merecem tanto quanto você, ou talvez menos, você tem em mãos um pedaço de papel. Uma promessa que deverá ser debitada futuramente e, quem sabe, os fundos poderão cobrir o seu sonho.

A vida é certamente desleixada nesse ponto. Ela não tem saldo pra cobrir a maioria de nossas esperanças. As esperanças são cheques sem fundo.

sábado, 1 de junho de 2013

1 de junho de 2013 - Fantasia


Fantasia. A gente precisa. É indispensável. Por isso, entre fato e mito, é o mito que a gente publica, compra, lê e recorda por décadas.

A realidade é crua. Ela não fascina, ela não entretém. Ela cobra sem retribuir, ela pede mas não oferece, ela quer mas não divide, ela toma sem jamais dar. Ela é uma vadia desalmada que te deixa na sarjeta. Mas, ela está ali. Ela está no seu encalço e te acompanhará até o fim.

A fantasia é contraponto. Equilibra a balança. Enquanto a outra é o tapa na cara sem luva de pelica, essa é o afago ao guerreiro abatido. Essa entra em sintonia com todo sonho e desejo, essa é a manifestação do impossível e, nossa maior paixão é justamente o impossível.

Pelo impossível, qualquer canção, qualquer série, qualquer novela, qualquer livro, qualquer história. Toda fantasia é bem vinda, toda fantasia é amiga, se ela se ajusta a um anseio.

E por ela vale tudo. Nela, cabe tudo: do cachorro que anda em apenas duas patas e cria um pássaro, à família que vive à frente do tempo atual há muito. Se a recompensa nos compensa no final, aceitar o crime, até que vale a pena.

E a gente aceita. É o flerte entre o prazer e a necessidade... dele resulta a tolerância. Não há falha no roteiro, não há incoerência. Se a gente simpatiza, toda a trama se fecha. E a gente acredita. Acredita e aceita. E se agrada, a gente engole até final feliz.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

20 de maio de 2013 - Com título e sem texto




Eu tinha que escrever um texto. Faltava inspiração, vontade. Talvez faltassem ambos, mas, eu tinha que escrever um texto. Era isso o que um post-it no meu desktop fazia questão de alertar.

Era o meu compromisso semanal: voltar a escrever, postar um texto a cada uma ou duas semanas. A cada semana, preferencialmente.
O problema, era encontrar assunto. No dia 12 do mês corrente, meu time, o Vitória, aplicou uma sonora goleada sobre o nosso maior rival, no território inimigo. Ah, isso era assunto. Mas, escrever duas vezes na mesma semana e provavelmente falhar com o meu compromisso na semana seguinte, não seria legal. Também não seria, escrever sobre futebol por duas semanas seguidas. Com o título do campeonato baiano quase assegurado, seria inevitável ignorar o tema ao escrever o próximo relato. Deixei, então, a escrita para a próxima semana, esperando que algo mais me chamasse a atenção e que meu time pudesse atuar de forma parecida a da primeira partida das finais.

A semana passou e, nada além do futebol me despertou interesse. Tentei escrever sobre outras coisas, mas, tudo o que eu pensava, era tão triste, era tão piegas, que não dava pra levar aquilo a sério. Das coisas que não me permito ser, piegas é uma delas. Ser piegas, não dá. Não em tempos atuais.

Enquanto isso, no relvado, Beckham, Scholes, Alex Ferguson e outros, despediam-se de suas atividades profissionais relacionadas ao esporte(Ferguson como treinador, e os outros, como jogadores), e a final se aproximava. Enfim, era futebol e mais nada. Não havia saída.

Eu esperava a decisão do campeonato estadual, para soltar o grito de campeão, para preencher-me de ânimo e redigir um bom texto. Pensava em como o futebol é, foi e continuará sendo a salvação para muitos ânimos, para muitos textos e para muitas vidas, mundo a fora. Também pensava em como é triste, até certo ponto, ter que contar com consolos, e como pode ser pior sequer ter a eles.

Ah, claro! pseudo-intelectuais atacariam a este texto como uma nuvem de gafanhotos, caso eu fosse um escritor influente, e, claro, caso alguém me lesse. “O futebol é o ópio dos povos”, diria alguém(como tantos outros já disseram, antes). Eu digo: “o povo é um doente terminal”. É o ópio que o mantém vivo. É o ópio que lhe dá algum prazer.  Você precisa ter um deus, precisa ter um trabalho, precisa ter boas relações, precisa ser gentil e agradável, precisa ser o melhor, e precisa correr, porque o tempo não para. Precisa de sorte. Precisa sofrer até desejar morrer, por uma causa, ou por outra. Precisa acreditar que do outro lado, o sofrimento é ainda maior, e por isso, não desistir, nem deixar de fazer o seu melhor... e continuar acreditando, que de alguma forma, as coisas possam melhorar, por lá ou por aqui.

Por isso, ao povo, o ópio. Muitos, falam muito, fazem muito pouco.  O crítico do esporte, e de hábitos populares,  associa a estes, o atraso. Certamente, o FANATISMO do alemão pelo futebol, o crescimento da MLS, nos Eua, e o sucesso das ligas inglesa e espanhola, são exemplos sólidos de que este é um argumento falho e ultrapassado. Porém,  ele se mantém. Nas condições antes citadas, é muito difícil, que qualquer um tenha vontade de levantar-se da cama e viver mais um dia, entretanto, nós o fazemos. E o prêmio, o afago, é a cerveja do domingo, é o triunfo do time do coração, é a ida ao show de rock, é o tricô da senhora solitária, é o que se pode fazer para sentir-se vivo, ainda que ligado a aparelhos. Os ópios do povo, não são a âncora que nos mantém estagnados. São as muletas, que nos permitem caminhar. Sem elas, nem isso.

Quanto ao jogo... o Vitória atuou de forma pragmática. Levou o título, mas, a verdade é que o desfecho do torneio foi completamente desapontante pra mim. Após 14 gols marcados em 3 jogos contra o rival, você espera uma goleada espetacular, pra fechar o caixão. Uma surra que estragará o velório do adversário. Aí, seu time joga por um empate xoxo.  Aí é foda. Aí não. Aí, você perde o teu assunto, e o texto do seu blog vira isso. E, foi assim que o Vitória me deixou: com título(a mim, e a todos os seus torcedores) e sem texto. Pô, leão, isso não se faz.

Desculpem o mau jeito e até a próxima.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

7 de maio de 2013 - Comentários a respeito de Seinfeld





  Em maio de 1998, era exibido na NBC, o último episódio da série Seinfeld. Também num mês de maio, mas, de 2013,  esse momento se fazia para mim. Inédito. Como foi para o mar de gente que se dispôs, há quase duas décadas, a acompanhar o desfecho da saga de Jerry Seinfeld e seus amigos.
Devo ter passado algo em torno de 4 meses a assistir essa série. Me dediquei a isso de forma exemplar. Foi uma relação muito mais duradoura do que a que tive com a maioria das pessoas que conheci. Certamente, também foi muito mais útil.

Era a série a respeito do nada. Do nada que acontecia a Jerry Seinfeld, que representava a si mesmo, na trama. Do nada que acontecia também aos outros personagens, inspirados em pessoas próximas ao protagonista. A esquisitice, o inusitado, o humor ácido e, principalmente,  por vezes, um enorme distanciamento da realidade, permearam o seriado e nos conduziram pelos caminhos de um comediante excêntrico, um homem gordo, pequeno, careca e cheio de traumas, uma mulher indócil e um vizinho absurdamente insano. Eram personalidades marcantes, e todos os seus atos eram inerentes a elas. Personagens utilizados em um episódio nunca foram completamente descartados, e, por vezes, retornavam, triunfantes, com grande importância, de forma surpreendente. Tudo foi muito bem escrito, bem interpretado. A história foi incrivelmente pensada e executada.

Eu, pus-me a acompanhá-la 14 anos após o seu encerramento, e foi um exercício da mais extrema fidelidade. Raramente passei um dia sem assistir um episódio. Por vezes, eram 3 num dia. E, logo, já não era a mera curiosidade de acompanhar, ou o prazer de me prender a um costume saudável, que me norteavam, era também a necessidade de ver todos os capítulos, como se fosse uma maratona, a qual, eu tinha a obrigação de finalizar.
Finalizei. Em cronologia distante da original. Distante também das transmissões ao vivo, da espera dos intervalos de temporada, dos programas de tv que abordavam o tema, do fervor coletivo em torno da atração.

O final da série foi decepcionante. Mas, por outro lado, não acho que alguém fosse capaz de imaginar um desfecho tão brilhante como foi o enredo por quase todo o tempo. O capítulo que o antecedeu, porém, foi um dos ápices. Imagens de diversos momentos da sitcom, imagens que mostravam os bastidores, imagens que remetiam ao adeus. Certamente foi este, um marco para quem acompanhou tudo isso de 1989 a 1998, e foi também, para mim.


A maratona foi cumprida, de forma solitária. Misto de hábito, necessidade e distração. Compromisso realizado com louvor. Ainda bem. Agora é hora de descansar. A distância percorrida foi de 9 anos em poucos meses. É hora de buscar outra maratona, e, quem sabe, qualquer dia, já descansado, rever os passos trilhados por Elaine Benes, Cosmo Kramer, George Costanza e Jerry Seinfeld.