Escrevo estas “mal traçadas linhas” porque o tempo avança
inclemente e já são quase duas semanas completas num absoluto deserto
criativo. São quase duas semanas sem postar um texto que me expresse os
pensamentos, são quase duas semanas em que talvez eles não tenham existido.
O compromisso da escrita regular tem o seu cumprimento como
uma tarefa cada vez mais penosa. Conforme vão se expondo os vícios, os erros,
as falhas e faltas, mais complicado torna-se escrever. Eu tentei inovar e já
não me repetir, tentar novas abordagens, novos temas, diferenciar-me de tudo o
que tenho feito nos últimos tempos. Porém, o que os últimos dias fizeram
parecer, é que sem me repetir, já não sou eu. Não sou nada além de um eco que
se propaga, sem que se possa precisar de onde partiu o primeiro grito, de onde
surgiu o primeiro som.
Escrevo essas “mal traçadas linhas” porque neste período,
tive ideias interessantes, mas que nunca chegaram a evoluir. Sementes que não
germinaram, porque lhe faltaram iluminação, umidade e, principalmente, um
terreno adequado. Escrevo linhas tão mal
concebidas, porque talvez já não seja capaz de cultivar as minhas ideias como
gostaria.
Eu poderia falar de forma profunda a respeito da ação do
tempo nas relações, nas pessoas, no mundo que nos cerca. Eu poderia falar sobre
como cada um dos meus textos e canções é um pedaço da minha alma, que arranco
do meu ser e exponho em praça pública sem saber exatamente o que quero em
troca, e o que ganho com isso, é quase sempre uma condição privilegiada para
assisti-los perderem-se em murais alheios, sublimados por piadas ruins,
euforias incontidas e tantas outras banalidades. Poderia falar de “lições de
vida” ou de como minha experiência profissional atual poderia render uma
“sitcom” ou algo do tipo. Eu poderia, mas não vou. Hoje, não pareço capaz de produzir
algo além de linhas mal traçadas, mal pensadas e mal escritas.
Publico este aglomerado de letras unidas por um mote fraco e
sem qualquer objetivo concreto, permeadas por diversos erros gramaticais, porque
entre obrigação e capacidade, foi o que consegui extrair. Porque talvez seja
hora de assumir a condição que mais me coube na vida: a de autor de coisas
tortas.
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