segunda-feira, 20 de maio de 2013

20 de maio de 2013 - Com título e sem texto




Eu tinha que escrever um texto. Faltava inspiração, vontade. Talvez faltassem ambos, mas, eu tinha que escrever um texto. Era isso o que um post-it no meu desktop fazia questão de alertar.

Era o meu compromisso semanal: voltar a escrever, postar um texto a cada uma ou duas semanas. A cada semana, preferencialmente.
O problema, era encontrar assunto. No dia 12 do mês corrente, meu time, o Vitória, aplicou uma sonora goleada sobre o nosso maior rival, no território inimigo. Ah, isso era assunto. Mas, escrever duas vezes na mesma semana e provavelmente falhar com o meu compromisso na semana seguinte, não seria legal. Também não seria, escrever sobre futebol por duas semanas seguidas. Com o título do campeonato baiano quase assegurado, seria inevitável ignorar o tema ao escrever o próximo relato. Deixei, então, a escrita para a próxima semana, esperando que algo mais me chamasse a atenção e que meu time pudesse atuar de forma parecida a da primeira partida das finais.

A semana passou e, nada além do futebol me despertou interesse. Tentei escrever sobre outras coisas, mas, tudo o que eu pensava, era tão triste, era tão piegas, que não dava pra levar aquilo a sério. Das coisas que não me permito ser, piegas é uma delas. Ser piegas, não dá. Não em tempos atuais.

Enquanto isso, no relvado, Beckham, Scholes, Alex Ferguson e outros, despediam-se de suas atividades profissionais relacionadas ao esporte(Ferguson como treinador, e os outros, como jogadores), e a final se aproximava. Enfim, era futebol e mais nada. Não havia saída.

Eu esperava a decisão do campeonato estadual, para soltar o grito de campeão, para preencher-me de ânimo e redigir um bom texto. Pensava em como o futebol é, foi e continuará sendo a salvação para muitos ânimos, para muitos textos e para muitas vidas, mundo a fora. Também pensava em como é triste, até certo ponto, ter que contar com consolos, e como pode ser pior sequer ter a eles.

Ah, claro! pseudo-intelectuais atacariam a este texto como uma nuvem de gafanhotos, caso eu fosse um escritor influente, e, claro, caso alguém me lesse. “O futebol é o ópio dos povos”, diria alguém(como tantos outros já disseram, antes). Eu digo: “o povo é um doente terminal”. É o ópio que o mantém vivo. É o ópio que lhe dá algum prazer.  Você precisa ter um deus, precisa ter um trabalho, precisa ter boas relações, precisa ser gentil e agradável, precisa ser o melhor, e precisa correr, porque o tempo não para. Precisa de sorte. Precisa sofrer até desejar morrer, por uma causa, ou por outra. Precisa acreditar que do outro lado, o sofrimento é ainda maior, e por isso, não desistir, nem deixar de fazer o seu melhor... e continuar acreditando, que de alguma forma, as coisas possam melhorar, por lá ou por aqui.

Por isso, ao povo, o ópio. Muitos, falam muito, fazem muito pouco.  O crítico do esporte, e de hábitos populares,  associa a estes, o atraso. Certamente, o FANATISMO do alemão pelo futebol, o crescimento da MLS, nos Eua, e o sucesso das ligas inglesa e espanhola, são exemplos sólidos de que este é um argumento falho e ultrapassado. Porém,  ele se mantém. Nas condições antes citadas, é muito difícil, que qualquer um tenha vontade de levantar-se da cama e viver mais um dia, entretanto, nós o fazemos. E o prêmio, o afago, é a cerveja do domingo, é o triunfo do time do coração, é a ida ao show de rock, é o tricô da senhora solitária, é o que se pode fazer para sentir-se vivo, ainda que ligado a aparelhos. Os ópios do povo, não são a âncora que nos mantém estagnados. São as muletas, que nos permitem caminhar. Sem elas, nem isso.

Quanto ao jogo... o Vitória atuou de forma pragmática. Levou o título, mas, a verdade é que o desfecho do torneio foi completamente desapontante pra mim. Após 14 gols marcados em 3 jogos contra o rival, você espera uma goleada espetacular, pra fechar o caixão. Uma surra que estragará o velório do adversário. Aí, seu time joga por um empate xoxo.  Aí é foda. Aí não. Aí, você perde o teu assunto, e o texto do seu blog vira isso. E, foi assim que o Vitória me deixou: com título(a mim, e a todos os seus torcedores) e sem texto. Pô, leão, isso não se faz.

Desculpem o mau jeito e até a próxima.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

7 de maio de 2013 - Comentários a respeito de Seinfeld





  Em maio de 1998, era exibido na NBC, o último episódio da série Seinfeld. Também num mês de maio, mas, de 2013,  esse momento se fazia para mim. Inédito. Como foi para o mar de gente que se dispôs, há quase duas décadas, a acompanhar o desfecho da saga de Jerry Seinfeld e seus amigos.
Devo ter passado algo em torno de 4 meses a assistir essa série. Me dediquei a isso de forma exemplar. Foi uma relação muito mais duradoura do que a que tive com a maioria das pessoas que conheci. Certamente, também foi muito mais útil.

Era a série a respeito do nada. Do nada que acontecia a Jerry Seinfeld, que representava a si mesmo, na trama. Do nada que acontecia também aos outros personagens, inspirados em pessoas próximas ao protagonista. A esquisitice, o inusitado, o humor ácido e, principalmente,  por vezes, um enorme distanciamento da realidade, permearam o seriado e nos conduziram pelos caminhos de um comediante excêntrico, um homem gordo, pequeno, careca e cheio de traumas, uma mulher indócil e um vizinho absurdamente insano. Eram personalidades marcantes, e todos os seus atos eram inerentes a elas. Personagens utilizados em um episódio nunca foram completamente descartados, e, por vezes, retornavam, triunfantes, com grande importância, de forma surpreendente. Tudo foi muito bem escrito, bem interpretado. A história foi incrivelmente pensada e executada.

Eu, pus-me a acompanhá-la 14 anos após o seu encerramento, e foi um exercício da mais extrema fidelidade. Raramente passei um dia sem assistir um episódio. Por vezes, eram 3 num dia. E, logo, já não era a mera curiosidade de acompanhar, ou o prazer de me prender a um costume saudável, que me norteavam, era também a necessidade de ver todos os capítulos, como se fosse uma maratona, a qual, eu tinha a obrigação de finalizar.
Finalizei. Em cronologia distante da original. Distante também das transmissões ao vivo, da espera dos intervalos de temporada, dos programas de tv que abordavam o tema, do fervor coletivo em torno da atração.

O final da série foi decepcionante. Mas, por outro lado, não acho que alguém fosse capaz de imaginar um desfecho tão brilhante como foi o enredo por quase todo o tempo. O capítulo que o antecedeu, porém, foi um dos ápices. Imagens de diversos momentos da sitcom, imagens que mostravam os bastidores, imagens que remetiam ao adeus. Certamente foi este, um marco para quem acompanhou tudo isso de 1989 a 1998, e foi também, para mim.


A maratona foi cumprida, de forma solitária. Misto de hábito, necessidade e distração. Compromisso realizado com louvor. Ainda bem. Agora é hora de descansar. A distância percorrida foi de 9 anos em poucos meses. É hora de buscar outra maratona, e, quem sabe, qualquer dia, já descansado, rever os passos trilhados por Elaine Benes, Cosmo Kramer, George Costanza e Jerry Seinfeld.